sexta-feira, 8 de abril de 2011

desabafo.

    Sinto-me fraca, amarga, irredutível e vulnerável, sinto o chão a fugir-me dos pés, sinto ódio de mim e tenho vontade de desaparecer do mapa por uns longos tempos. Este é mais um daqueles momentos em que percebemos o que realmente precisamos. E eu preciso de paz. Preciso de caminhar sozinha por caminhos desconhecidos e perder a noção de tudo. Quero esquecer-me de quem sou; esquecer todo o mal que já me fizeram, esquecer os que me desiludiram e os que me traíram e apunhalaram pelas costas. Quero, por um momento, ser livre e poder fazer tudo aquilo que nunca pude fazer, gritar até ficar sem voz, comer doces até ficar com dores de dentes, libertar toda a raiva, angústia e rancor que tenho guardado este tempo todo dentro de mim e que está prestes a arrebentar.
    Tenho um nó na garganta pelas inúmeras vezes que contive as lágrimas e me mantive firme face aos piores acontecimentos, guardei para mim palavras fracas quando tudo o que queria era gritá-las ao mundo. Mas hoje, hoje sinto tudo a desmoronar-se, sinto dificuldade em respirar e cada vez fico mais cega. Hoje as minhas forças para lutar acabaram-se e não tenho onde me agarrar para erguer a cabeça. Deste-me esperança e depois foste embora, fizeste-me querer-te para depois me deixares, deixaste-me sedenta de ti. Aqui, já nada me sustenta, vejo tudo o que um dia lutei afastar-se cada vez mais e vejo-me afundar cada vez mais.
    Tudo o que queria era ficar sozinha e parar no tempo. Tenho muito em que pensar, muitas decisões a tomar, tenho de me achar de novo e achar um novo rumo para a minha vida. Vejo que cada vez mais me dirijo para um beco sem saída; tenho quatro paredes à minha volta e não encontro saída para os meus problemas. Gostava de poder acordar amanha e ver que tudo está bem e que ao meu lado tenho todos aqueles que um dia se foram.
    Talvez o amanhã nunca chegue, talvez amanha acorde e perceba o caminho a seguir. Mas hoje quero ficar no meu canto, sozinha, pensando sobre os meus problemas, chorando as minhas lágrimas de angústia. Ficar mais forte para enfrentar os meus próprios conflitos interiores. Ganhar força para lutar pelo que e por quem realmente amo. Seguir as pegadas do meu destino e, quem sabe, construí-lo eu mesma.
    Porém agora estou revoltada e ninguém consegue mudar isso, e tudo o que quero é um momento de paz.
                                                                                       Tânia Ferreira

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